No dia 25 de outubro de 2025, relatos e registros indicam que helicópteros da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado de Mato Grosso do Sul (Sejusp/MS) sobrevoaram o território tradicional em ação de intimidação contra as famílias indígenas que ali vivem, reeditando práticas empregadas em outras situações de repressão, como na retomada de Guapo’y Mirim (Amambai), em 2022 — ocasião em que Vitor Kaiowá foi assassinado por disparos efetuados a partir de aeronaves policiais.
A retomada do território foi motivada em razão do uso dos agrotóxicos nas monoculturas que rodeiam a parte ocupada pelas famílias, cerca de 51 hectares, no interior de extensão de 11.334 hectares declarados como terra indígena pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas em 2009. A contaminação dos rios e a impossibilidade de plantio de cultivos tradicionais impedem a saúde e a segurança alimentar das famílias, gerando um quadro preocupante de condições de vida. A demora em garantir o acesso a totalidade do território devido a pressão econômica e política do agronegócio tem elevado a escala de violência contra os e as Kaiowá e Guarani no MS. Desde o “Leilão da Resistência”, organizado em 2013 pela ACRISSUL e FAMASUL, entidades ruralistas, sendo a segunda presidida na época pela atual governador do MS, Eduardo Riedel, fomentou a organização de milícias ruralista armadas e agora com participação ativa das forças de segurança pública com ações policiais violentas, sob comando do governo estadual de Mato Grosso do Sul, configuram grave violação dos direitos humanos e constitucionais dos povos originários.
Ressaltamos que a área em questão está reconhecida como Terra Indígena Guyraroká desde 2011, sendo, portanto, território de ocupação tradicional. Ainda assim, o Governo do estado sul-mato-grossense tem mantido operações repressivas e o apoio a ações privadas de segurança, em total desrespeito às determinações federais e aos tratados internacionais de proteção dos povos indígenas.
Diante desses fatos, exigimos do Ministério da Justiça e Segurança Pública:
Reiteramos que cada hora de omissão estatal pode custar vidas. A proteção dos povos originários é dever constitucional da União e princípio básico de um Estado Democrático de Direito.
Em solidariedade ao povo Guarani e Kaiowá, reafirmamos nosso compromisso com a defesa dos direitos humanos, da justiça social e da demarcação das terras indígenas.
Brasília, 3 de novembro de 2025.
Diretoria do ANDES - Sindicato Nacional