Atos no sábado (5) exigem justiça após assassinato do refugiado congolês Moïse Kabagambe

Publicado em 04 de Fevereiro de 2022 às 13h34.
Foto: Reprodução Facebook

O brutal assassinato do jovem Moïse Mugenyi Kabagambe no dia 24 de janeiro gerou revolta e comoção em grande parte do país, especialmente nas comunidades de migrantes que vivem no Brasil e nos movimentos sociais e negros. Para denunciar a xenofobia e o racismo contido no crime contra o refugiado congolês de apenas 24 anos, e clamar por justiça, atos estão sendo convocados para este sábado (5).

No Rio de Janeiro, a família da vítima em conjunto com a comunidade congolesa da capital fluminense realizará uma manifestação, a partir das 10h, em frente ao quiosque Tropicália, na praia da Barra da Tijuca. Foi no estabelecimento comercial que Moïse morreu após ser espancado por cinco homens. Três deles foram presos na terça-feira (1).

Outra importante mobilização vai ocorrer na cidade de São Paulo, no mesmo horário que o ato carioca. Os manifestantes irão se reunir no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. As manifestações também já estão previstas para ocorrer em Belo Horizonte (MG), na Praça Sete, e Brasília (DF), em frente ao Palácio do Itamaraty, às 10h. Em Cuiabá (MT), o ato ocorrerá na Praça da Mandioca em frente ao Centro Cultural Casa das Pretas às 9h. Na cidade de Recife (PE), os protestos começam às 16h em frente ao Shopping Boa Vista.  Salvador (BA) e Belém (PA) também se somam as mobilizações, assim como Nova Iorque (EUA) e Londres (ENG).  

Morto por exigir salário
Segundo os parentes de Moïse, o jovem foi morto porque teria cobrado duas diárias de trabalho atrasadas no valor de R$ 200. Ele era funcionário do quiosque e trabalhava abordando turistas na areia. Uma testemunha ouvida no local confirmou a história e disse que Moïse teria dito que, já que não receberia o dinheiro, pegaria o valor da dívida em bebidas.

No vídeo divulgado nesta semana com imagens da câmera de segurança do quiosque, é possível ver que Moïse abre a geladeira do estabelecimento e tenta pegar uma garrafa de cerveja. Logo em seguida, começam as agressões.

Desde o início da apuração dos fatos, integrantes da Coordenação Negra por Direitos têm defendido a ideia de que há indícios de participação da milícia no crime. A entidade, que reúne mais de 200 organizações do movimento negro, encaminhou uma denúncia ao Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da Organização das Nações Unidas (ONU) pedindo providências.

Barbárie
A morte de Moïses é um retrato cruel da violência, do racismo e da xenofobia que assolam o país. O refugiado que deixou sua terra natal, o Congo, para escapar dos horrores da guerra, com apenas 11 anos de idade, foi espancado com socos, chutes e ao menos 30 pauladas.

O jovem teve as mãos e os pés amarrados para que não se defendesse. Ele agonizou por cerca de 10 minutos antes de falecer. De acordo com o relatório da perícia, a causa da morte foram as lesões causadas no tórax e no pulmão, o que fez com que sangue fosse aspirado pelo órgão, levando-o a asfixia.

Centrais reforçam o chamado
As Centrais Sindicais brasileiras se reuniram na quinta-feira (3) e aprovaram a convocação nacional dos atos marcados para este sábado (5) que clamam por justiça ao jovem refugiado.  “As Centrais Sindicais se somarão neste contundente pedido por justiça. Em cada região, chamamos a somar e fortalecer os atos que estão sendo organizados.”

Para as centrais, o crime “sintetiza em um só ato o racismo enraizado em nossa sociedade, o sentimento de xenofobia que cresce com o avanço da extrema-direita e os efeitos nefastos da política neoliberal que retirou direitos trabalhistas e suprimiu investimentos na área social”.

Com informações da CSP-Conlutas e Coalização Negra por Direitos 

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