Novo coordenador do Enem é militante do Escola sem Partido

Publicado em 11 de Janeiro de 2019 às 17h37

A censura nas salas de aula promete se acirrar este ano. Após a recente nomeação do ministro da Educação Ricardo Vélez, chega ao corpo técnico do governo Bolsonaro, Murilo Resende Ferreira.

O novo integrante ocupará a Diretoria de Avaliação do Ensino Básico (Daeb) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), subordinado ao Ministério da Educação (MEC). Ele ficará responsável, entre outras atribuições, pela formulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outros exames que aferem indicadores escolares. O novo diretor é um seguidor das teorias do astrólogo e escritor Olavo de Carvalho e foi militante do Escola sem Partido.

O anúncio foi feito no sábado (5), por Jair Bolsonaro, nas redes sociais. Segundo o Presidente, o novo diretor da Daeb priorizará o ensino e vai ignorar a atual promoção da “lacração”. Bolsonaro se refere ao Enem 2018 em que foram abordadas questões de linguagens com diversidade como tema.

De acordo com O Globo, Resende foi indicado por pessoas ligadas ao projeto Escola sem Partido e que fazem uma espécie de "fiscalização informal em livros didáticos".

Quem é Murilo Resende Ferreira?

Murilo Resende Ferreira é goiano, tem 36 anos, é formado em Administração pela Fundação Getúlio Varga (FVG), onde também cursou o doutorado. "Ensaios sobre teoria e história bancária de arranjos financeiros" é o tema da sua tese. Em seu currículo constam artigos como “A praga do cientificismo” e “A Escola de Franfkurt: satanismo, feiúra e revolução”, entre outros títulos. “Tudo o que hoje chamamos de ideologia de gênero tem sua raiz em Marcuse, Fromm, Reich e outros agregados da Escola de Frankfurt”, diz um trecho do texto. O diretor da Daeb foi aluno do astrólogo e escritor Olavo de Carvalho e integrou o Movimento Brasil Livre (MBL), de caráter conservador. Foi professor de uma faculdade particular de Goiânia (GO) e não tem experiência com gestão.

Além disso, Ferreira tem um histórico de ataque aos docentes. Em uma audiência realizada em 2016, no Ministério Público Federal de Goiás, em 2016, o indicado para o Inep disse que “professores pregam o aborto, incesto e pedofilia”, chamando os docentes de “manipuladores” e “gente que não quer estudar”.

Na ocasião, ele disse ser vítima de doutrinação marxista e que a “ideologia de gênero” seria um expediente usado por “manipuladores” com a intenção de “esconder a própria falta de preparo”.

Em seu blog pessoal - agora desativado após as críticas a sua indicação -, Murilo oferecia o curso "Filosofia Política" por R$190 que incluía um módulo sobre Olavo, responsável pela nomeação de Vélez no MEC.

Aparelhamento

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, escolheu ex-alunos seus de programas de filosofia, sem experiência em gestão, para metade das secretarias do MEC. Três dos seis secretários estudaram com o novo ministro. Um deles, Marco Antônio Barroso, foi escolhido para a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres). Orientado pelo ministro no mestrado e doutorado, Barroso é professor e pesquisador da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) desde 2011, onde atua nas áreas de Filosofia e História das Ciências e Ética e Fundamentos Sócio Filosóficos da Educação. Alexandro Ferreira de Souza e Bernardo Goytacazes de Araújo, ex-alunos, assumem a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) e a nova secretaria de Modalidades Especializadas, respectivamente.

Outros nomes

Outros nomes compõe o MEC. Tiago Tondinelli será o chefe de gabinete do ministro. Ele é advogado, assessor jurídico do Poder Executivo de Cornélio Procópio/PR, aluno do Curso Online de Filosofia (COF) ministrado por Olavo de Carvalho, e atua especialmente em causas de caráter tributário e administrativo que envolvem demandas cíveis e trabalhistas e improbidade administrativa, entre outros.

Já Luiz Antonio Tozi ocupará um dos cargos mais altos dentro do Ministério da Educação. Como um “braço-direito” do ministro, cabe ao secretário executivo auxiliar na coordenação das atividades das secretarias que integram o MEC. Atualmente, é professor sênior da Faculdade de Tecnologia de São José dos Campos (Fatec) nos cursos de Logística e Gestão da Produção Industrial e professor de pós-graduação no curso de MBA da FGV.

Figura conhecida no MEC, Mauro Rabelo retorna a Secretaria de Educação Superior (Sesu), onde atuou como secretário no governo Temer. Já Marcus Vinicius Rodrigues é o novo presidente do Inep. Como executivo, atuou durante 20 anos nos Correios e 15 anos na FGV como Gestor para os Países de Língua Portuguesa.

Com imagem de Jornal Opção.

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