PEC que proíbe abortos já previstos em lei entra na pauta da CCJ da Câmara

Publicado em 11 de Novembro de 2024 às 17h12. Atualizado em 13 de Novembro de 2024 às 18h10

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira (12) mais um ataque aos direitos das mulheres e pessoas que gestam. Entrou na pauta da comissão a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 164/2012, de autoria do ex-deputado Eduardo Cunha, que proíbe o aborto em qualquer situação, inclusive nas que já são previstas em lei.

Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil

A PEC propõe a alteração do caput do artigo 5º da Constituição Federal, incluindo a expressão “desde a concepção” no trecho que trata sobre a inviolabilidade do direito à vida. Com isso, o texto passaria a vigorar com a seguinte redação: “Art.5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, desde a concepção, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.” Essa alteração inviabilizaria qualquer tipo de interrupção de gravidez, inclusive aqueles já legalizados: em casos de estupro, em situações quando a gravidez representa risco à vida da gestante e em caso de anencefalia do feto.

A proposta já recebeu, em junho deste ano, parecer favorável da relatora Chris Tonietto (PL/RJ), que é vice-presidenta da CCJ. Para a deputada, não há qualquer impedimento constitucional para a tramitação da PEC. O projeto foi colocado em pauta pela presidenta da Comissão, Caroline de Toni (PL/SC).

“As deputadas de extrema-direita, que presidem a CCJ, desenterraram uma PEC do Eduardo Cunha de 2012, que criminaliza todo e qualquer tipo de aborto no Brasil. Ou seja, uma proposta de emenda constitucional que visa a morte e a criminalização de mulheres, de meninas e das pessoas que gestam. Essa ação orquestrada da extrema-direita na CCJ é um ataque à democracia. Nós, do ANDES-SN, repudiamos essa movimentação e estaremos juntas com os movimentos sociais, com a Frente Nacional pela Legislação do Aborto e todas as entidades, lutando contra essa movimentação, que é absurda e que para nós é criminosa. Aborto legal é um direito. E os direitos reprodutivos das mulheres, meninas e pessoas que gestam devem ser respeitados”, afirmou a 1ª secretária do ANDES-SN, Caroline Lima, que coordena o Grupo de Trabalho de Políticas de Classe para as Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do Sindicato Nacional.

ANDES-SN em defesa da legalização do aborto
O ANDES-SN, que tem posição congressual de luta pela descriminalização e legalização do aborto. Durante o 37º Congresso do Sindicato Nacional, as e os docentes se posicionaram em defesa da legalização do aborto no Brasil. Em 2015, a categoria já havia deliberado sobre a defesa da descriminalização do aborto. O Sindicato Nacional também participou e construiu o Festival pela Vida das Mulheres, em 2018, além de fornecer materiais de formação e informação sobre o tema, e espaços de debate, com o objetivo de defender a pauta junto à categoria docente.

No 67º Conad, realizado em julho deste ano em Belo Horizonte, a categoria atualizou as resoluções do Sindicato Nacional para, via suas seções sindicais, construir e participar de agendas e atividades para barrar o PL 1904/24 - que visa equiparar ao crime de homicídio qualquer interrupção da gravidez após 22 semanas, mesmo as previstas em lei, - e toda política que ataque os direitos sexuais e reprodutivos, defendendo a vida das crianças e adolescentes, mulheres e pessoas que gestam. Também foi decidido que o Sindicato Nacional intensificará a construção e participação nos Dia Internacional de Luta pela Legalização do Aborto, 28 de setembro.

Leia também:
Mobilização contra PL que equipara aborto a homicídio continua mesmo com adiamento da votação

28 de setembro: Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto

 

Compartilhe...

Outras Notícias
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
EVENTOS
Update cookies preferences