Na terça-feira (10), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) viveu um momento histórico com a instalação, no Salão de Atos, da Comissão da Verdade e da Memória da UFRGS Enrique Serra Padrós. O órgão tem o objetivo de reunir, organizar e disponibilizar registros entre 1964 e 1988, e, ainda, homenagear o professor Padrós, que dedicou sua trajetória acadêmica à pesquisa sobre os regimes autoritários na América Latina, seu ativismo à luta por memória e justiça.
A partir de agora, a comissão, coordenada pela professora Roberta Baggio, terá um longo trabalho pela frente, uma vez que, no período de 1964 a 1969, a UFRGS teve dois processos de expurgo, quando foram expulsos inúmeros docentes, estudantes e técnicos, além da aposentadoria compulsória de vários profissionais. O trabalho envolverá um canal de escuta, arrecadação de documentos da época, testemunhos, entre outros.
Ao final dos trabalhos será produzido um relatório final e criado um website, que irá hospedar os documentos digitalizados. A 2ª secretária da Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS, Cristina Carvalho, compõe a comissão e ressalta a importância do momento. “É muito importante sabermos o que aconteceu? Como aconteceu? Quem patrocinou? E o que os docentes sofreram com isso. A instalação apresentará um trabalho dolorido, mas necessário inclusive para combater o fascismo que bate a nossa porta, e o que podemos fazer para responsabilizá-los”, ressalta a docente.
A seção sindical do ANDES-SN na UFRGS celebra a instalação da Comissão, ressaltando que essa é uma luta histórica do movimento docente, para que fosse explicitado o que houve no passado, para que nunca mais se repita. Antes da cerimônia, o ANDES/UFRGS SSind. distribuiu camisetas com a frase ‘Sem Anistia – Ontem e Hoje’, cuja a simbologia reflete o passado, mas também os dias atuais, momento em que, segundo a seção sindical, é necessário estar atentos e atentas e lutar para que não haja anistia para golpistas que ameaçam a democracia.
Além de Cristina Carvalho, compõem a comissão outras cinco professoras, uma estudante um técnico e uma técnica administrativa.
Seminário 60 anos do Golpe
Entre os dias 21 e 23 de novembro, o ANDES-SN reuniu maiss de 150 pessoas para o Seminário Nacional “60 anos do Golpe de 1964 - Memória, Verdade, Justiça e Reparação”, realizado em Porto Alegre (RS). O evento tratou das consequências da ditadura empresarial-militar no Brasil e no Cone Sul.
Os debates ressaltaram o impacto do golpe de 1964, que instaurou um regime marcado por repressão, desaparecimentos e violações de direitos humanos, e as ditaduras nos demais países da América Latina e suas correlações. Foram discutidas estratégias para reverter as homenagens a ditadores em instituições de ensino e ações para criar memoriais às vítimas e ampliar as comissões da verdade nas universidades. A luta por reconhecimento das vítimas e responsabilização dos envolvidos foi destacada como essencial para justiça e reparação.
No último dia, foi realizada uma homenagem ao historiador Enrique Serra Padrós, que destacou a longa dedicação do docente à pesquisa sobre os regimes ditatoriais latino-americanos e a importância da academia e do ativismo na defesa dos direitos humanos.
Leia também:
Seminário Nacional ‘60 anos do Golpe de 1964’ encerra com homenagem e ato político em Porto Alegre
Segundo dia do Seminário 60 anos do Golpe de 1964 é marcado por intensos debates
Seminário do ANDES-SN reúne docentes de todo o país para debater os 60 anos do Golpe de 64
ANDES-SN inaugura espaço memorial de resistência docente
Fonte: ANDES/UFRGS SSind. com edição e acréscimos de informação do ANDES-SN. Foto: ANDES/Ufrgs SSind.