Após três dias de intensos debates, chegou ao fim no último domingo (20), o XX Encontro do Setor das Instituições Estaduais, Municipais e Distrital de Ensino Superior (Iees/Imes/Ides) do ANDES-SN. O evento reuniu mais de 60 participantes, entre representantes de 29 seções sindicais do Setor, diretores e diretoras do Sindicato Nacional, convidadas e convidados, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
As atividades tiveram início na sexta-feira (18), com o tema “Autonomia e Condições de trabalho nas Universidades Estaduais, Municipais e Distrital”. Ao abrir o evento, o presidente do ANDES-SN, Gustavo Seferian, fez questão de lembrar de um dos maiores levantes insurrecionais da classe trabalhadora no contexto latino-americano, que acontecia há exatos cinco anos no Chile.
“Esse movimento apontou para a defesa dos direitos sociais, da natureza, da autonomia dos povos indígenas e da perduração da existência humana no planeta como as principais agendas da classe trabalhadora hoje. Lá, também, o movimento foi desmontado pela afirmação do neofascismo, mas nos levou a reconhecer que só por meio da luta organizada, de forma articulada e convergente, com ações diretas intensas, teremos condições de reverter o quadro extremamente doloroso que nossa classe sofre hoje”, destacou Seferian.
Amanda Moreira, presidenta da Associação de Docentes da Uerj (Asduerj SSind.), seção sindical que sediou o evento, saudou o encontro, destacando o cenário de crise pelo qual passa a Uerj, envolvendo, justamente, questões referentes a financiamento e autonomia, temas centrais do encontro. “Temos um final de semana muito rico de debates em que está em discussão o financiamento das nossas instituições, o aprofundamento do debate sobre a carreira única, iniciado no 15º Conad Extraordinário, a autonomia dos nossos sindicatos e a criminalização das lutas. Teremos ainda um assunto muito importante que são as condições de trabalho e o adoecimento que afeta a categoria docente. Sobre este tema, o ANDES-SN vem demonstrando uma preocupação muito grande. Neste momento, está em andamento a 2ª fase da enquete que busca levantar e analisar esse cenário na nossa base”, ressaltou.
Painel demonstra diversidade do Setor
O evento de abertura trouxe ainda um rico painel das lutas empreendidas neste ano pelas dezenas de seções sindicais de todas as regiões do país, que compõem o Setor das Iees, Imes e Ides que estiveram presentes no encontro. Os relatos abordaram ações que incluíram movimentos grevistas em diversos estados, como lutas travadas nas universidades estaduais do Ceará, do Paraná, na estadual de Minas Gerais, do Piauí e do Pará. Os movimentos tiveram como eixos centrais a luta pela autonomia, pela carreira e pelo financiamento das Iees, além das questões salariais.
O quadro apresentado por representantes das seções sindicais demonstrou a diversidade característica do Setor, mas mostrou também inúmeros traços em comum como a luta contra regimes de austeridade implementados ou em fase de implementação em diversos estados da federação. A luta contra os impactos do Regime de Recuperação Fiscal foi, por exemplo, um dos eixos da greve na Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), iniciada no dia 1º de maio e que durou dois meses.
Outro ponto em comum foi o enfrentamento aos processos de criminalização das lutas. Um quadro que demonstrou características semelhantes, seja na greve de docentes das universidades do Paraná, no enfrentamento ao governo Ratinho Jr. (PSD), seja na greve das universidades estaduais do Ceará e do Piauí, com governadores petistas, onde não só as greves foram consideradas ilegais, mesmo antes de iniciadas, mas também houve corte de salários e aplicação de multas às e aos dirigentes sindicais.
Debates
O debate sobre a criminalização das lutas, assim como a mobilização por carreira e autonomia nas Iees, Imes e Ides abriu os trabalhos do segundo dia do encontro (19). A tarde do sábado foi dedicada a aprofundar a discussão acerca da pesquisa sobre o financiamento das instituições do Setor. As e os participantes compartilharam experiências de suas seções sindicais e também abordaram as possibilidades utilização dos dados do levantamento para instrumentalizar as lutas locais. As condições de trabalho e o adoecimento docente foram debatidos na sequência, bem como a importância de as seções sindicais ajudarem na divulgação da enquete que vem sendo realizada pelo ANDES-SN sobre o tema. Acesse aqui.
No domingo, as atividades tiveram continuidade com a apresentação do documentário “Lutas e Organização do ANDES-SN nas Universidades Estaduais, Municipais e Distrital”, produzido pelo Sindicato Nacional. Na sequência, foi realizada uma plenária para discutir as propostas do Setor para o 43º Congresso do ANDES-SN, que acontecerá no início de 2025, na cidade de Vitória (ES).
“O XX Encontro do Setor das Iees, Imes e Ides foi de grande importância para o avanço das lutas em defesa da universidade pública. Com a presença de representantes de mais de 25 seções sindicais, debatemos durante 3 dias pautas cruciais para fortalecimento do nosso plano de lutas para o próximo período. Reafirmamos a centralidade da luta contra a criminalização do movimento docente, pela melhoria das condições de trabalho e salariais, o enfrentamento ao adoecimento docente e a defesa da autonomia universitária. Além disso, lançamos o documentário ‘Lutas e Organização do ANDES-SN nas Universidades Estaduais, Municipais e Distrital’, que trata da memória de nossas lutas”, avaliou Gisvaldo Oliveira da Silva, 3º tesoureiro e da coordenação nacional do Setor das Iees, Imes e Ides do ANDES-SN.
* Fonte: Asduerj SSind. com edição e inclusão de informações do ANDES-SN. Fotos: Gilherme Schneider / Asduerj SSind.