NOTA DA DIRETORIA DO ANDES-SN EM REPÚDIO À REALIZAÇÃO DE EXERCÍCIOS MILITARES NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA (EEL - USP).

NOTA DA DIRETORIA DO ANDES-SN EM REPÚDIO À REALIZAÇÃO DE EXERCÍCIOS MILITARES NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA (EEL - USP).

Publicado em 18 de Novembro de 2024 às 18h46

A Diretoria do ANDES-SN manifesta seu total repúdio à cessão de parte do terreno da Escola de Engenharia de Lorena (EEL), vinculada à Universidade de São Paulo (USP), para a realização de exercícios militares conduzidos pelo Exército Brasileiro, no âmbito da denominada “Operação Perseu”, entre os dias 18 de novembro e 5 de dezembro de 2024.

Consideramos inadmissível que espaços acadêmicos, historicamente dedicados ao ensino, à pesquisa e à extensão, sejam utilizados para atividades de caráter militar sem a devida consulta e aprovação das comunidades universitárias diretamente envolvidas. A informação sobre a decisão, feita à comunidade da EEL apenas dois dias antes da comunicação oficial no dia 12 de novembro, reforça a ausência de diálogo democrático e a imposição de medidas autoritárias por parte da Prefeitura do Campus de Lorena (PUSP-L), vinculada à administração universitária, não sendo a primeira vez que o exército tem seu acesso liberado na Escola.

O uso da EEL como campo de provas militares, incluindo exercícios, pernoite de veículos e a instalação de postos de comando, representa mais um passo no preocupante avanço do projeto de militarização dos espaços educacionais no Brasil, principalmente para o Estado de São Paulo, com o avanço das escolas cívico-militares na rede estadual pública de ensino, perpetrado pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Tal projeto atenta contra os princípios fundamentais da educação pública, que devem ser pautados pela liberdade de pensamento, pluralidade e respeito à diversidade, e não pela lógica de controle e repressão característicos de instituições militares, revelando as relações existentes entre disciplinamento, desfinanciamento público e controle da gestão.

Reforçamos a gravidade de iniciativas como essa, especialmente no contexto em que outras unidades da USP também vêm cedendo espaço para forças de segurança, como o treinamento autorizado à Polícia Militar no Campus Capital – campus USP Leste na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). Essas ações caminham em direção contrária ao papel das universidades como espaços de crítica, resistência e emancipação.

Reiteramos nossa solidariedade à comunidade universitária da EEL e nosso apoio à luta contra a militarização dos espaços educacionais públicos nos estados e municípios brasileiros.

Educação não se submete. Educação se defende!

 

Brasília (DF), 18 de novembro de 2024.

 

Diretoria do ANDES – Sindicato Nacional

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