Docentes argentinos anunciam nova paralisação em 30 de outubro 

Publicado em 29 de Outubro de 2024 às 13h32.

A Frente Sindical de Universidades Nacionais, da qual faz parte a Federação de Docentes e Pesquisadores Universitários da Argentina (Conadu Histórica), convocou uma nova paralisação docente para a próxima quarta-feira (30).

A mobilização é parte de uma série de medidas organizadas em defesa da universidade pública, contra o veto à Lei de Financiamento Universitário e por uma urgente recomposição salarial para docentes, trabalhadoras e trabalhadores da educação. 

Aula pública. Foto: Associação dos Docentes da Universidade Nacional de Misiones (Adunam)

A luta em defesa das universidades públicas argentinas se intensificou em outubro, após o Congresso após a Câmara de Deputados ratificar, no último dia 9, o veto do presidente de extrema direita, Javier Milei, à Lei de Financiamento Universitário, que recompunha os recursos destinados às universidades, gravemente afetadas pelas restrições orçamentárias do governo. De acordo com a Conadu Histórica, mais de 70% dos docentes recebem salários abaixo da linha da pobreza.

Desde então, estudantes de todo o país ocuparam dezenas de universidades públicas, com a realização de aulas nas ruas e outros protestos. Na última semana, docentes fizeram diversas manifestações, com paralisação de 48 horas, de 21 a 23 de outubro, e aulas públicas em frente ao Congresso Nacional e em locais abertos em outras cidades do país.

A mobilização ocorre em um contexto de crescente tensão entre o governo do presidente Javier Milei e o setor da Educação. As demandas centrais incluem a recomposição salarial para compensar uma perda de poder aquisitivo que já ultrapassa os 30% nos últimos meses, devido à inflação, a restituição do Fundo Nacional de Incentivo Docente (Fonid), a atualização da garantia salarial e o aumento do orçamento destinado às universidades nacionais. 

Os estudantes, organizados em diferentes associações e centros acadêmicos, também têm se manifestado contra os cortes no orçamento e a falta de diálogo por parte do governo. Nas últimas semanas, em várias universidades do país, foram realizadas ocupações, vigílias e assembleias, como parte da resposta estudantil ao veto presidencial à Lei de Financiamento Universitário, ratificado pela Câmara. 

Atos de repressão e violência policial contra essas manifestações estudantis, inclusive com uso de gás de pimenta e entrada de policiais armados em campi, geraram forte condenação por parte dos sindicatos e da comunidade acadêmica.

A Conadu Histórica manifestou seu apoio às ocupações e condenou os atos de violência e intimidação por parte do braço armado do governo Milei, e cobrando as autoridades a garantir o direito de protesto de estudantes e a segurança dos manifestantes. 

Orgulho Nacional
A consultoria argentina Zuban Córdoba divulgou recentemente o informe “Universidade Pública, Orgulho Nacional”, com dados sobre a percepção da população em relação à Educação. De acordo com o levantamento, poucos temas têm gerado tanto debate na opinião pública como as universidades na era Milei.

O consenso é contundente: 99% as pessoas entrevistadas pela pesquisa acreditam que a educação é a ferramenta necessária para fazer crescer o país, 59,3% são contra o veto presidencial e 86,4% concordam que as universidades públicas são um orgulho nacional.

Saiba mais:
Docentes fazem greve geral na Argentina após veto a financiamento das universidades públicas

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