Garimpeiros ilegais atacam novamente indígenas Munduruku no Pará

Publicado em 27 de Maio de 2021 às 14h28
Criminosos atiraram e atearam fogo em casas da aldeia Fazenda Tapajós. Foto: Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa)

Garimpeiros ilegais atacaram, na quarta-feira (26), uma comunidade indígena, em retaliação a operação da Polícia Federal que pretende expulsar invasores da terra Indígena Munduruku, localizada no município de Jacareacanga, sudoeste do Pará. A presença da Força Nacional de Segurança, desde a última segunda (24), para realização da operação “Mundurukânia” não inibiu a ação dos criminosos.

Durante a tarde de quarta (26), os garimpeiros armados invadiram a aldeia Fazenda Tapajós e atiraram contras as casas. Duas casas foram incendiadas, uma delas seria de Maria Leusa Munduruku, coordenadora da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn, e a outra da sua mãe, a cacica da aldeia.  A organização vem sendo atacada nos últimos tempos por denunciar ação de garimpeiros e a sua sede foi destruída no dia 25 de março. A Seção Sindical do ANDES-SN na Universidade Federal do Pará (Adufpa SSind) lançou uma campanha para a compra de uma nova sede.

Segundo informações da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) a tensão na região é grande e os criminosos prometeram atacar a Aldeia Santa Cruz, da Liderança Munduruku Ademir Kaba, uma das principais vozes contra as barragens e o garimpo em terras indígenas.

“É inaceitável que, mesmo com a presença da Força Nacional na região, a aldeia de uma das nossas principais lideranças tenha sido invadida por homens armados, portando galões de gasolina, que incentivam o ódio contra todos nós. Tememos pela vida daqueles que lutam sem cansar para defender a vida do povo Munduruku e o futuro de todos nesse planeta. Por defender o rio limpo e a floresta em pé estamos sendo vítimas da política de morte desse Governo, que nos deixa à mercê de garimpeiros armados dentro do nosso próprio território”, disse a nota publicada por movimentos indígenas locais.

Fechamento de rodovia
No mesmo dia, pela manhã, um grupo de garimpeiros armados com paus e pedras fechou uma rodovia para impedir o avanço da operação da Polícia Federal e tentaram destruir a base de apoio da operação. Segundo associações e movimentos indígenas locais, a ação foi incentivada pela prefeitura de Jacareacanga. A operação da PF é em parceria com Polícia Rodoviária Federal e agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Força Nacional de Segurança.

Na segunda (24), o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo federal adote “todas as medidas necessárias” para proteger a vida, saúde e segurança de populações indígenas das terras Yanomami e Munduruku, que estão sendo alvo de ataques constantes nos últimos tempos. Segundo a medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, o efetivo destacado para atingir essa finalidade deverá permanecer nas terras indígenas enquanto houver esse risco.

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*com informações da Fepipa

 

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