Alesp aprova, em segundo turno, PEC que reduz orçamento da Educação em São Paulo

Publicado em 29 de Novembro de 2024 às 13h49. Atualizado em 29 de Novembro de 2024 às 17h48

A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou, em segundo turno de votação, no final da tarde dessa quarta-feira (27), a proposta de emenda constitucional (PEC) 9, que reduz o orçamento constitucional da educação pública estadual paulista. A proposta, apresentada pelo governo de São Paulo, sob o comando de Tarcísio de Freitas (Republicanos), teve 59 votos a favor e 19 contrários.

Mobilização contra a PEC dos Cortes na Alesp - Foto: Rodrigo Romeo/Alesp

Sob o falso argumento de flexibilizar os recursos da educação para possibilitar transferência para a saúde, devido ao envelhecimento populacional, as e os parlamentares da base aliada de Tarcísio de Freitas votaram pela mudança na Constituição paulista, que reduz a verba da educação pública estadual de 30% para 25% da receita de impostos. Com isso, a educação pública paulista perderá, já no próximo ano, cerca de R$ 11,3 bilhões.

“A justificativa demagógica para um ataque desta dimensão à educação pública é que essa diferença ‘poderá’ ser investida na saúde. Ficará a cargo do Executivo decidir, ano a ano, o quanto quer cortar da educação e repassar para a saúde. É evidente que ambos os setores necessitam de mais recursos para atender à população, mas o estado tem dinheiro para atendê-los sem cortar nada”, afirma o Fórum das Seis, que é composto pelas entidades sindicais representativas das categorias docentes e técnicas das universidades estaduais paulistas - USP, Unesp e Unicamp - e do Centro Paula Souza.

O Fórum denuncia que a aprovação da PEC 9 busca regulamentar manobras feitas por sucessivos governos nos últimos anos que, para cumprir os 30% constitucionais, incluíam no cômputo da educação o pagamento de pessoas aposentadas e pensionistas. O Tribunal de Contas do Estado vinha aprovando as contas do governo com alertas sobre a ilegalidade desta inclusão.

“Fato é que, ao invés de cumprir o estabelecido constitucionalmente, o governo decide cortar verbas da educação, em todos os níveis, inclusive do ensino superior. O orçamento destinado às universidades estaduais paulistas – Unicamp, Unesp e USP – e ao Centro Paula Souza está incluído no montante da educação, de forma que a redução poderá impactar também o financiamento destas instituições”, alerta a entidade.

Em seu boletim, o Fórum das Seis lembra ainda que, desde a sua posse, Tarcísio de Freitas tem dado sinais claros de sua política: precarizar os serviços públicos e, com isso, facilitar a entrega dos recursos para a iniciativa privada, por meio de terceirizações, privatizações e renúncias fiscais.

“Teremos muita luta e resistência pela frente, para impedir novos ataques e, também, impedir que os vultosos cortes que o governador poderá fazer na educação, autorizado pela aprovação da PEC 9, se concretizem. Estão em jogo a qualidade da educação pública no estado e os nossos direitos como servidores públicos”, conclamam as entidades sindicais que compõem o Fórum.

ANDES-SN repudia mais esse ataque
Em nota divulgada nesta quinta-feira (28), o ANDES-SN repudiou mais um ataque do governo paulista à educação pública. O Sindicato Nacional lembra que, além deste corte no orçamento da educação, o governo de Tarcísio de Freitas avançou na militarização e privatização de escolas públicas e na plataformização da educação, além de aprofundar a precarização dos e das profissionais da educação e dos espaços educacionais, reproduzindo a lógica neoliberal de governos de extrema direita. 

‘A Diretoria do ANDES-SN se soma ao Fórum das Seis - que congrega as entidades sindicais e estudantis da Unesp, Unicamp, USP e Centro Paula Souza - e repudia mais este ataque desferido contra a educação paulista!”, afirma a nota. Acesse aqui a Circular 550/2024.

Precarizar e privatizar
O governo de Tarcísio de Freitas segue investindo na precarização e privatização da educação pública paulista. Recentemente, foi realizado o leilão de dois lotes para a construção e gestão de 33 novas escolas estaduais. Os consórcios vencedores têm como líderes uma empresa gestora de cemitérios da capital paulista e uma empreiteira do Mato Grosso, ambas sem qualquer experiência no setor da educação.

Freitas também conseguiu a aprovação, em maio na Alesp, de um projeto de lei que cria escolas “cívico-militares” na rede estadual e nas redes municipais. A proposta estava suspensa, desde agosto, pela justiça e aguardava decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7662.

No entanto, na última terça-feira (26), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que impedia a implantação de escolas cívico-militares no estado. A decisão foi resposta a um pedido do governador Tarcísio de Freitas peticionada e encaminhada ao ministro na segunda (25).

A decisão cassou a liminar do desembargador Luiz Antonio Figueiredo Gonçalves, entretanto, não diz respeito à constitucionalidade da lei que institui o modelo das escolas cívico-militares, a qual ainda será analisada pelo plenário da Corte. 

O governo de São Paulo decidiu estender até o ano que vem a consulta pública sobre as escolas cívico-militares, adiando o plano original de implementar 45 unidades ainda em 2025. Pelo novo cronograma, as escolas deverão começar a funcionar em 2026.

*Com informações do Fórum das Seis e da Agência Brasil

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