Neste 8 de março, em todo o mundo, mulheres irão às ruas por igualdade, direitos e respeito. No Brasil, não será diferente. Atos estão confirmados em, pelo menos, 16 capitais e diversos municípios para este sábado. Algumas cidades, como o Rio de Janeiro, realizarão manifestações na segunda-feira (10).
Além de pautas históricas do movimento feminista, como o fim da violência contra as mulheres, a legalização do aborto, igualdade salarial, as mulheres exigirão o fim da brutalidade policial, do racismo e do fascismo, “sem anistia para golpistas” e cobrarão outros direitos como à cidade e pelo bem viver.
O mote adotado pelo ANDES-SN para marcar a data histórica neste ano é “Nos queremos vivas, livres e com direitos”. O Sindicato Nacional e suas seções sindicais também pedem “Justiça para Marielle Franco e Anderson Gomes: que os mandantes sejam responsabilizados!”, conforme deliberação do 43º Congresso, realizado no final de janeiro.
Foi orientado pela diretoria nacional, através da circular 067/2025, “que as seções sindicais envidem esforços para a construção de atividades referentes ao 8 de março (Dia Internacional da Mulher), bem como a data 14 de março (Dia Nacional Marielle Franco de Enfrentamento da Violência Política de Gênero e Raça), considerando a necessidade constante de enfrentamento do machismo e do racismo, numa perspectiva anticapitalista dentro do nosso sindicato e na sociedade de maneira mais ampla”.
Desigualdades e violências permanecem
Apesar do debate sobre violências e desigualdades de gênero ter ganhado mais espaço nos últimos anos, a sociedade brasileira ainda tem muito a avançar. Segundo dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), embora o país tenha registrado aumento na criação de empregos formais e queda do desemprego no último ano, as desigualdades entre mulheres e homens no mercado de trabalho permanecem inabaláveis.
As mulheres continuam com as maiores taxas de desemprego, os menores salários e ainda acumulam tarefas domésticas, incluindo atividades relacionadas aos cuidados de outras pessoas, atribuição que muitas ainda realizam além dos limites dos próprios lares, como trabalho remunerado. Quase um quarto (23,2%) das mulheres negras estava em uma das três categorias de mão de obra subutilizada.
Ao mesmo tempo, desde 2022, elas passaram à frente dos homens na chefia dos lares brasileiros, tornando-se responsáveis por 52% dos domicílios. Nos lares monoparentais, aqueles onde apenas um adulto vive com os filhos, sem a presença de um cônjuge, a chefia feminina chegava a 92%.
Conforme o 18º Anuário de Segurança Pública, divulgado em julho do ano passado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou 83.988 casos de estupro em 2023, um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior e o maior desde o início do levantamento em 2011. Isso representa um estupro a cada seis minutos.
De acordo com o estudo, do total de crimes, 76% foram cometidos contra crianças menores de 14 anos, e são classificados como estupro de vulneráveis. A maioria das vítimas são meninas negras de até 13 anos.
Além do recorde em estupros, a publicação aponta o aumento dos registros em todas as modalidades de violência contra a mulher no país e mostra que o perfil dos agressores é constante: quase a totalidade é homem - algo que pode parecer óbvio sobretudo para as mulheres, mas, como defende o Fórum, é preciso ser lembrado principalmente quando se pensa em políticas públicas para prevenir esse crime.
Outros crimes que registraram aumento foram importunação sexual (48,7%), assédio sexual (28,5%), divulgação de cena de estupro/sexo/pornografia (47,8%) e perseguição, conhecido como “stalking” (34,5%). Tentativas de homicídio cresceram 9,2%, com um total de 8.372 vítimas. A violência psicológica aumentou em 33,8%. Houve 38.507 desses registros. As agressões decorrentes de violência doméstica, cresceram 9,8%, chegando a 258.941 registros.
Segundo o Fórum, esses dados são relevantes porque esses crimes podem ser o primeiro passo para outras violências e até mesmo para o crime de feminicídio, que também registrou alta em 2023 (0,8%). Conforme o levantamento, 1.467 mulheres foram mortas no país em crimes de violência doméstica e outros por simplesmente serem mulheres.
Esses dados demonstram que, passados 50 anos desde que o Dia Internacional das Mulheres foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975, ainda há muito a se avançar na luta por igualdade de direitos, por segurança e respeito à vida de todas as mulheres e meninas.
ANDES-SN na luta
Com o objetivo de ampliar a luta do Sindicato Nacional pela igualdade de gênero e contra toda forma de opressão, em deliberação histórica, foi aprovada no 43º Congresso do ANDES-SN a criação do Protocolo de Combate, Prevenção, Enfrentamento e Apuração do Assédio Moral e Sexual, do Racismo, da LGBTfobia e quaisquer formas de discriminação, opressão e violência nas Universidades, Institutos Federais (IFs), Faculdades e Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets). O documento define o que são as situações que caracterizam aquelas formas de violência e será incluído na pauta de reivindicações da categoria, nos setores das Federais e das Estaduais, Municipais e Distrital.
Ainda dialogando sobre as condições de vida e trabalho que atravessam a vida de parcela da categoria docente e dificultam a progressão na carreira, a plenária debateu e aprovou resolução inédita sobre a proteção das docentes vítimas de violência doméstica, para que seja cobrado, das administrações das universidades, IFs e Cefets, o cumprimento do estabelecido na Lei Maria da Penha, garantindo acolhimento imediato e, quando necessário, licença saúde, medidas protetivas rápidas de remoção, entre outras que garantam a segurança e vida das vítimas.
Docentes nas ruas
Diversas seções sindicais participaram da construção dos atos e estão convocando a categoria para somar nas manifestações que marcam o Dia Internacional de Luta das Mulheres. Docentes da Universidade Federal de Juiz de Fora participarão de duas atividades: Café das Trabalhadoras, no sábado (8) e Marcha do 8M, na terça-feira (11), ambas na Praça da Estação, em Juiz de Fora (MG).
Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto participam de atos, neste sábado, em Ouro Preto e Mariana, sendo que o da primeira cidade será a partir das 8h30, na Praça Tiradentes, e o da segunda a partir das 17h, em frente ao terminal turístico. O 8M Unificado Uberlândia contará com a participação da categoria da UFU. A atividade ocorrerá no sábado (8), a partir das 9h da manhã, na praça Ismene Mendes.
Em Aracaju (SE), o ato unificado acontece neste sábado (8), a partir das 8h, com concentração na Praça Fausto Cardoso, no centro da capital sergipana. Em Ponta Grossa (PR), docentes da universidade estadual (UEPG) participam do ato promovido pelo Coletivo Feminismos em Luta. A 'Marcha 8M', que acontece neste sábado, marca a abertura oficial dos eventos de março, que contemplam palestras, cursos, oficinas e atividades culturais em todo o município.
Professoras e professores das universidades Federal de Campina Grande e da Estadual da Paraíba estarão participando e apoiando ato político-cultural, organizado pela Frente de Mulheres de Campina Grande, neste sábado (8), das 14h às 16h, em frente ao Museu de Arte Popular da Paraíba. Em São Luís (MA), o ato também será amanhã e terá concentração na Praça Deodoro, a partir das 8h. Em seguida, haverá caminhada pela Rua Grande e o encerramento será no bairro da Praia Grande.
No Amazonas, os atos estão programados para denunciar a violência, a desigualdade de gênero e a falta de políticas públicas voltadas à proteção das mulheres. Em Parintins, a programação inicia às 7h30, na Praça da Catedral. Em seguida, haverá uma caminhada com panfletagem pelas ruas da cidade até a Escola Estadual Tomaszinho Meirelles GM3, onde ocorrerá uma Feira sociocultural. Em Manaus está programada a mobilização "O medo não vai nos parar!", com concentração na Praça do Relógio, às 15h, seguida de uma caminhada até o Largo de São Sebastião, onde será realizada uma feira de economia solidária e apresentações culturais. Na mesma data, ocorrerá a III Marcha das Mulheres Indígenas de Manaus e Entorno, com tema "Nosso corpo, nosso território: somos as guardiãs do planeta pela cura da terra".
"É pela vida das mulheres: pelo fim das violências, por trabalho digno e nossos direitos”. Esse é o lema da manifestação que ocorre neste sábado (8), em Santa Maria (RS). Com concentração marcada para às 8h30, na Praça Saldanha Marinho, o ato que marca o Dia Internacional de Luta das Mulheres prevê, às 10h, uma caminhada pelas ruas centrais da cidade.
Em Fortaleza (CE), a marcha das mulheres terá concentração às 8h do dia 8, na Praça da Bandeira. Já em Maceió (AL), a Marcha das Mulheres 2025 acontece na Jatiúca, também no sábado, com concentração às 9h e marcha às 9h30, no início da avenida Doutor Antônio Gomes de Barros.
Docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), participam das atividades do 8M, que acontecem em dois momentos. Em Vitória da Conquista, terá um ato público organizado pelo Fórum de Mulheres, no dia 8, a partir das 9h, na Praça 9 de Novembro. Já em Itapetinga, ocorrerá a palestra "Mulheres, resistência e democracia: seguimos em luta", na quarta-feira (12), na sede da Adusb SSind. Em Salvador, docentes participam da Marcha do 8M, neste sábado (8), com concentração às 14h, no Morro do Cristo, e caminhada até o Farol da Barra.
Em Mato Grosso, também há uma agenda de várias atividades, que teve início nessa quinta-feira (6) e seguirá até quarta (12). No dia 6, ocorreu o debate “Vida além do trabalho”, no auditório da Adufmat SSind, em Cuiabá (MT). Nessa sexta (7), houve o lançamento do Laboratório Nenhuma a Menos, do qual o Grupo de Trabalho Política de Classe para Questões Étnico-raciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da seção sindical faz parte. No sábado (8), a partir das 8h, ocorrerá ato público com concentração na Praça Alencastro, em frente à Prefeitura de Cuiabá. Já na quarta-feira (12), está previsto um debate sobre as condições de trabalho das docentes da UFMT.
Em Boa Vista (RR), estão programados atos políticos em diferentes pontos durante todo o mês de março. Neste sábado (8), ocorrerá um evento com feirinha de produtos, bazar, varal de denúncias e ato político, das 8h às 12h, ao lado da Praça do Caranã.
Confira atos do 8M já confirmados:*
(*informação extraída do Brasil de Fato)
Manaus (AM) – às 15h na Praça do Relógio
Belém (PA) – sábado (8) às 8h no Boulevard da Gastronomia
Natal (RN) – sábado (8) às 9h em Caju da Redinha
Olinda (PE) – sábado (8) às 15h no Varadouro
Teresina (PI) – sábado (8) às 8h na praça Rio Branco
São Luís (MA) – às 15h na Praça da Deodoro
Fortaleza (CE) – às 8h na Praça da Bandeira
João Pessoa (PB) – sábado (8) às 11h30 na Praça Dom Adalto
Campina Grande (PB) – sábado (8) às 13h na Praça dos Três Pandeiros
Maceió (AL) – sábado (8) às 9h no Maceió Shopping
Aracaju (SE) – sábado (8) às 8h na Praça Fausto Cardoso
Salvador (BA) – sábado (8) às 14h no Cristo da Barra
Brasília (DF) – sábado (8) a partir das 13h na Torre de TV
Cuiabá (MT) – sábado (8) às 8h na Praça Alencastro
Goiânia (GO) – sábado (8) às 9h na Praça Botafogo
Campo Grande (MS) – sábado (8) às 15h na Esplanada Ferroviária
Rio de Janeiro (RJ) – segunda (10) às 16h na Candelária
Vitória (ES) – sábado (8) às 9h na Praça Costa Pereira
Belo Horizonte (MG) – sábado (8) a partir das 10h na Praça Raul Soares
São Paulo (SP) – sábado (8) a partir das 14h no MASP
Campinas (SP) – sábado (8) às 9h no Largo do Rosário
Indaiatuba (SP) – sábado (8) às 9h na Praça Dom Pedro II
São Carlos (SP) – sábado (8) às 9h na Igreja São Benedito
Praia Grande (SP) – sábado (8) às 16h na Praça 19 de Janeiro
Guarulhos (SP) – sábado (8) às 9h no calçadão
São José dos Campos (SP) – sábado (8) às 9h na Praça Afonso Pena
Curitiba (PR) – sábado (8), às 10h na estátua de Enedina Alves (Boca Maldita)
Florianópolis (SC) – sábado (8) às 10h no Largo da Alfândega e segunda (10) às 16h na praça Tancredo Neves
Joinville (SC) – sábado (8) às 14h na Praça da Estação da Memória
Chapecó (SC) – sábado (8) às 9h na Praça Coronel Bertasso
Porto Alegre (RS) – sábado (8) às 9h no Largo Glênio Peres
Novo Hamburgo (RS) – sábado (8) às 14h na Praça dos Imigrantes
Passo Fundo (RS) – sábado (8) às 16h na Praça da Cuia
*com informações das seções sindicais do ANDES-SN