Docentes visitam terra indígena e Guiana no último dia do II Seminário de Multicampia e Fronteira

Publicado em 16 de Março de 2025 às 12h42. Atualizado em 16 de Março de 2025 às 13h01

O II Seminário de Multicampia e Fronteira do ANDES-SN encerrou suas atividades no sábado (15) com uma visita à Terra Indígena (TI) Raposa Serra do Sol, em Roraima, e ao país vizinho, Guiana. O evento foi organizado pelo Grupo de Trabalho de Multicampia e Fronteira (GT Multi-Front) do Sindicato Nacional, em parceria com a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Roraima (Sesduf-RR SSind.).

As e os docentes de diversas instituições de ensino do país tiveram a oportunidade de vivenciar a realidade dos povos originários. Uma viagem de cerca de quatro horas separa a capital Boa Vista da Terra Indígena (TI) Raposa Serra do Sol, é uma das maiores terras indígenas demarcadas no Brasil, com 1,7 milhão de hectares, e abriga uma população de 27 mil indígenas dos povos Macuxi, Wapichana, Taurepang, Patamona e Ingarikó. 

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O grupo de docentes foi recepcionado com a defumação, um ritual de cura e de proteção, seguido por um canto de boas-vindas. Durante a visita, as professoras e os professores puderam conhecer saberes ancestrais preservados pelo povo indígena Macuxi, como a pintura com jenipapo - técnica que utiliza o fruto para criar uma tinta preta na pintura corporal e em utensílios. Também acompanharam a produção de panelas de barro pelas mulheres da comunidade, além da confecção de cestos e de arco e flecha.

Foto: Eline Luz/Imprensa do ANDES-SN

A indígena Joana destacou a importância da transmissão dos conhecimentos tradicionais. “Estamos fazendo uma pequena exposição das panelas de barro e outros artefatos como forma de preservar a cultura ancestral dos povos indígenas. É um trabalho que aprendi desde cedo e hoje repasso para meus filhos, netos e para aqueles que vêm compartilhar esse momento”, disse.

As e os docentes também acompanharam o preparo de um prato típico da região, a damurida - um caldo quente e picante feito com peixe, tucupi, pimentas, verduras e beiju de mandioca. A programação incluiu um passeio pela comunidade, onde as e os participantes puderam conhecer mais da estrutura do local, que conta com a Escola Estadual Indígena José Viriato, fundada em 1970, e um almoço com comidas típicas. 

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De lá, o grupo seguiu para a fronteira entre as cidades de Bonfim (RR) e Lethem, na Guiana. Durante o trajeto, o professor Antônio Carlos Araújo, presidente da Sesduf-RR SSind., compartilhou experiências sobre a vivência em uma região fronteiriça e os desafios enfrentados nas atividades de extensão e pesquisa.

Segundo o presidente da seção sindical, a experiência proporcionou um importante intercâmbio de saberes e reforçou a necessidade de fortalecer as lutas em defesa da educação pública e dos direitos dos povos indígenas. 

"Enfrentamos diversas dificuldades, mas conseguimos superá-las com o apoio da base e da direção do Sindicato Nacional que sempre estiveram dispostos a colaborar na organização do seminário. Nestes dias, discutimos a multicampia, os desafios das fronteiras e os impactos das políticas de ensino sobre quem depende da estrutura pública das universidades federais e estaduais. Além disso, reforçamos o debate sobre o modelo de universidade que queremos, considerando as particularidades das regiões de fronteira”, afirmou o docente, que destacou uma mesa específica do seminário em que todas as seções sindicais puderam relatar suas realidades e desafios.

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Araújo também agradeceu o esforço das e dos docentes, que vieram de diferentes partes do país, enfrentando deslocamentos longos e complexos. “Essa participação expressiva foi fundamental para o sucesso do evento e deve servir de exemplo para futuras edições”, ressaltou. 

Para José Sávio Maia, 2º vice-presidente da Regional Norte II do ANDES-SN e da coordenação do GT Multi-Front, o evento foi uma experiência riquíssima para as e os participantes.

“As atividades foram organizadas de forma que pudéssemos conhecer o funcionamento dos três campi da UFRR, mas, principalmente, por termos participado de uma atividade que permitiu uma imersão durante um dia inteiro em uma comunidade indígena na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, com direito a várias oficinas e almoço com traços de sua cultura oferecidas por membros da comunidade (Makuxi e Wapixana), seguida por uma visita à cidade de Lethem, na Guiana, onde pudemos experienciar algumas das modalidades de deslocamentos pela Amazônia: estradas de terra, balsas e ‘trancas’ de portões nas regiões de fronteiras, locais onde pode acontecer, tudo, menos a regularidades dos relógios”, avaliou. 

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Seminário
O II Seminário de Multicampia e Fronteira do ANDES-SN ocorreu de 13 a 15 de março em Boa Vista (RR) e contou com a participação de mais de 70 docentes vindos de diversas regiões do país. O evento é uma deliberação do 67º Conad, realizado no ano passado em Belo Horizonte (MG). 

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