Professoras, professores e estudantes da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) realizaram um protesto, na segunda-feira (5), em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Piauí (Alepi) durante a abertura do ano legislativo. Em greve há mais de um mês, desde 2 de janeiro, as e os docentes lutam por recomposição salarial, melhores condições de trabalho e por uma resposta do governador Rafael Fonteles (PT) acerca da pauta de reivindicações.
Ao chegar à Alepi, as e os manifestantes foram impedidos de entrar na casa legislativa para o diálogo com as e os parlamentares e o governador, que estava na solenidade de abertura dos trabalhos. Após a restrição, as e os docentes leram uma carta com as pautas da greve na entrada do plenário da Alepi, cercados por policiais.
Para Gisvaldo Oliveira, 3º tesoureiro do ANDES-SN, o governador do Piauí demonstrou, mais uma vez, o seu perfil autoritário. "Ao impedir o acesso de professores e professoras da Uespi ao plenário da Assembleia Legislativa e cercar nossa categoria com policiais fortemente armados, Rafael Fonteles deixa nítido o seu perfil truculento. Mas nós, professores e professoras da Uespi, dizemos que não seremos silenciados. Seguiremos lutando com dignidade pelos nossos direitos até o final. A greve continua", destacou.
De acordo com Lucineide Medeiros, coordenadora-geral da Associação dos Docentes da Uespi (Adcesp - Seção Sindical do ANDES-SN), o ato na Alepi foi mais um momento de mobilização. "Nós da Uespi resolvemos ler a nossa mensagem, que reafirma a necessidade da negociação em torno da questão salarial e da autonomia da universidade, mas também a respeito da devolução imediata dos nossos salários. Infelizmente, o clima era de repressão, com um forte contingente policial, que nos impediu de adentrar o ambiente da casa legislativa. A disposição do movimento também foi demarcada neste momento, pois estamos em um movimento justo, que é legal conforme o Tribunal de Justiça e o conjunto do movimento. Portanto, a gente se mantém em movimento e em processo de mobilização esperando que o governo não tarde em nos apresentar uma proposta de negociação", criticou.
Greve
Até o momento, a categoria docente da Uespi não recebeu nenhuma contraproposta concreta do governo do estado em relação à recomposição das perdas salariais, que acumulam uma defasagem superior a 68%.
A Adcesp SSind e outras entidades representativas do funcionalismo público estadual assinaram um documento reivindicando 22% de reajuste, referente às perdas inflacionárias dos últimos anos (2021, 2022 e 2023). Outra reivindicação, que ainda não foi acolhida pelo governo, é a retirada de pauta do PLC 09/2023, que ataca a autonomia universitária e prejudica a comunidade acadêmica da Uespi.
Para deslegitimar o processo de mobilização, o governo do Piauí atacou as professoras e os professores com o corte de ponto, resultando em cortes salariais. Mesmo assim, a categoria realizou assembleia geral no último dia 2 de fevereiro, ratificando a continuidade da greve e ampliando as ações, atos, diálogos com o conjunto da sociedade e demais atividades sindicais.
O ANDES-SN apoia a luta das e dos docentes da Uespi, que tem demonstrado força na defesa da universidade pública, bem como das condições de trabalho e estudo para garantir o direito à educação. Na Circular 47/24, divulgada na terça-feira (6), o Sindicato Nacional solicita "o amplo apoio da base do ANDES-SN para as professoras e os professores da Uespi".
Acesse a Circular 47/24 na íntegra