O Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) completa 30 anos, em 2024, e terá Frei Tito como homenageado de seu tradicional Curso Anual. O evento acontecerá entre os dias 5 e 8 de dezembro na capital do Rio de Janeiro. Esta edição tem como tema central “Democracia, internet e a nossa comunicação: desafios e caminhos para a organização popular”.
Durante quatro dias, o evento vai abordar a importância da comunicação de esquerda para organização da classe trabalhadora. O curso é voltado para dirigentes sindicais, profissionais da comunicação sindical e professores de Comunicação.
"Não há direitos sem luta. Não há luta sem comunicação. Logo, sem comunicação não se conquista nada", ressalta Claudia Santiago, que idealizou o NPC ao lado de Vito Giannotti, metalúrgico e grande lutador pela comunicação dos trabalhadores, que faleceu em 24 de julho de 2015.
"Nosso curso anual começou timidamente nos colégios de freira e padre em São Paulo. De lá, passamos para o colégio Assunção em Santa Teresa, aqui no Rio. E foi crescendo. Por vários anos, o curso foi no Sindipetro-RJ. Passamos pelo Crea, Clube de Engenharia, Funarte, Centro Cultural da Caixa. A cada ano aumentava o número de participantes", conta Claudia.
"Em 2022, voltamos ao presencial no Sindicato dos Professores. Voltou a crescer. Fomos para a Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Nesse ano de 2024, voltamos a mais uma edição no Clube de Engenharia", completa.
Além de diversas mesas de debates, a extensa programação também inclui o lançamento do livro “Jornal Ferramenta: a comunicação popular na luta contra a ditadura no Espírito Santo”, de Elaine Dal Gobbo, publicado pela Editora NPC, na primeira atividade do curso. Além da autora, a mesa que tem como título “60 anos do Golpe de 64: homenagem a frei Tito, Comunicação e Educação Popular hoje” contará com a participação do teólogo Leonardo Boff, Adriano de Araújo, Sandra Quintela e o deputado federal Henrique Vieira (a confirmar).
Também serão debatidos temas como o Brasil no século 21: povo, guerra cultural e educação; extrema-direita, fascismo e idiossubjetivação; capital, trabalho, comunicação; a comunicação sindical na organização da classe trabalhadora; a Comunicação hoje; Inteligência artificial e algoritmos: desafios e oportunidades para a comunicação sindical; Mercado da internet: disputas, controle e regulação; e o que rola na comunicação popular. Para programação completa e inscrição, acesse aqui.
Quem foi Frei Tito?
Há cinco décadas, Frei Tito de Alencar Lima foi encontrado enforcado durante seu exílio na França. O suicídio em 10 de agosto de 1974 foi consequência da tortura que sofreu por agentes da ditadura militar-empresarial brasileira. O terror que o ativismo do jovem dominicano provocava no regime, avalia Frei Xavier Plassat, é porque ele “representava a aliança entre a fé e a revolução”.
Frei Tito começou seu ativismo na Juventude Estudantil Católica (JEC) no início dos anos 1960, atuando na Favela do Dendê, em Fortaleza (CE), sua cidade natal. Pouco depois, se mudou para Recife (PE), já como dirigente da regional nordeste da JEC. Preso em 1969 junto com outros religiosos acusados de apoiar a resistência à ditadura militar-empresarial, sofreu sangrentas torturas comandadas pelo delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Sérgio Paranhos Fleury.
*fonte: Brasil de Fato RS, com edição e inclusão de informações do ANDES-SN