Seminário do ANDES-SN debate estratégias de comunicação e artes nas ruas e nas redes

Atualizado em 04 de Julho de 2022 às 19h27

“Conhecer e entender para poder explorar a nosso favor”, esse foi um dos recados em comum em todas as mesas do Seminário Nacional sobre Comunicação Sindical e Mídias Digitais do ANDES-SN. O evento ocorreu entre sexta (1) e sábado (2), em Brasília (DF) e reuniu mais de 40 participantes entre dirigentes sindicais e profissionais da imprensa das seções sindicais e do ANDES-SN.

Durante o encontro, as e os participantes debateram sobre o monopólio das plataformas digitais, democratização da comunicação e o papel das artes, da comunicação e da tecnologia no sindicalismo em tempos de ódio.  Várias falas reforçaram a necessidade de ocupação crítica das plataformas digitais, sem abandonar espaços e estratégias históricas de diálogo com a categoria docente e a classe trabalhadora. 

Também foi ressaltada a necessidade constante de disputa de imaginários e sensibilidades, lembrando o papel fundamental das diferentes expressões artísticas nesse processo. Além disso, as e os participantes discutiram estratégias de mobilização nas redes e nas ruas, com a contribuição e a partir das experiências de representantes da Colômbia, do Chile e do Brasil, em uma mesa que refletiu sobre a resistência e a luta na América Latina das populações indígena, campesina e da classe trabalhadora urbana e as formas de fazer comunicação e arte para reforçar esses processos.

O primeiro dia do Seminário foi realizado no café Objeto Encontrado, espaço de resistência na capital federal. Quem esteve presente pode acompanhar a mesa "O lugar da arte, comunicação e tecnologia no sindicalismo em tempos de avanço da política de ódio", com a participação de Cláudia Santiago (NPC), Helena Martins (UFC) e Micael Carvalho (Aprua SSind.). Na sequência, participaram de um sarau político-cultural, com apresentações musicais e declamação de poema. 

“O seminário foi um espaço extremamente rico e importante de troca de várias experiências que nos ajudam a entender o papel dessa articulação entre comunicação e arte e o quanto isso pode potencializar a nossa intervenção na realidade e a nossa atuação nas nossas lutas, no campo sindical, no movimento popular e como essas questões estão conectadas”, avaliou Francieli Rebelatto, 2ª secretária do ANDES-SN e Encarregada de Imprensa do sindicato.

No segundo dia do Seminário, os debates foram realizados na sede da entidade, onde as e os presentes puderam também ter contato com a exposição sobre a história do Sindicato Nacional, organizada pelo Centro de Documentação (Cedoc) do ANDES-SN. No período da manhã, a mesa “Monopólio das plataformas digitais, redes sociais e a democratização da comunicação na luta de classes, antirracistas e anti-cisheteronormativas”, com Bia Barbosa (Coalizão Direitos na Rede) e Viviane Gomes (Representante da Rede Blogueiras Negras).

Ambas abordaram as barreiras da internet e suas plataformas, com recorte racista, machista e pouco transparente em relação aos critérios de moderação de conteúdo. E ressaltaram que é importante lembrar que as redes reproduzem as opressões das ruas, mas é importante também ocupa-las, mas de forma crítica e consciente das limitações impostas. Além disso, é fundamental seguir na luta pela regulação das plataformas e contra o monopólio digital.

Francieli ressaltou que é fundamental pensar que a atuação nas redes, a partir da comunicação e a partir de uma política de arte. “Mas também é importante pensar essa intervenção a partir das nossas formas tradicionais de nos comunicarmos, fazer o trabalho de base, conversando diretamente com as pessoas, colocando nossas imagens e imaginários em diferentes expressões e diferentes espaços. É fundamental a gente associar, o tempo todo, essa relação entre redes e ruas”, acrescentou a também coordenadora do Grupo de Trabalho de Comunicação e Artes do ANDES-SN.

A terceira mesa “Arte, comunicação e tecnologia nas estratégias de mobilização nas redes e nas ruas: experiências latino-americanas” apresentou para as e os participantes as diferentes formas de utilização da produção artística e jornalística, como forma de reportar a realidade, preserva a memória e dialogar com a classe trabalhadora.  Fernando Xokleng, da Mídia Nativa On, Luz Angela Rubiano Tamayo, comunicadora popular e cineasta militante do movimento de Luta pela discriminação do aborto e em defesa do movimento campesino colombiano, e Juan Saravia, do Coletivo 'Muros e Resistências', compartilharam experiências do Brasil, da Colômbia e do Chile, respectivamente.

“A gente trouxe experiências e debates que articulassem essas duas perspectivas, da ação política mais direta a partir dos nossos locais de trabalho, nas ruas, como, por exemplo, a denúncia e intervenção que os companheiros do Chile fazem não só com a produção de vídeos para as redes, mas nos muros das cidades. E que também nos fizessem entender a dinâmica de como a internet funciona no sentido de seguir com a nossa luta pela democratização e regulamentação dos meios de comunicação”, pontuou a diretora do ANDES-SN.

“Foi um espaço extremamente rico no sentido de podermos ver experiências, diálogos, espaços, que nos ajudam a entender a complexidade que está colocada para nós frente a uma conjuntura de ataques, de desinformação. E também, nesse sentido, temos que estar preparados para fazer a disputa de sensibilidade da classe trabalhadora, por meio da comunicação e, especialmente, pela arte que é uma forma fundamental de conseguirmos ampliar a nossa intervenção sobre a realidade”, acrescentou Francieli.
 

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