Em assembleia extraordinária da categoria realizada na segunda-feira (15), docentes da Universidade Estadual do Ceará (Uece) aprovaram por unanimidade o adiamento da paralisação que ocorreria no dia 17 de maio, para o próximo dia 29. O objetivo é pressionar o governo do estado a anunciar um calendário de reposição salarial. A assembleia, convocada pelo Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece – Seção Sindical do ANDES-SN), deliberou, ainda, os novos passos da campanha salarial após aprovação do reajuste de 5,8%.
No dia 29 de maio, além da paralisação, ocorrerá uma nova rodada da Mesa Estadual de Negociação Permanente (Menp) com representantes do governo Elmano de Freitas (PT) e, simultaneamente, a realização de um ato em frente Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag). A base também deliberou de forma unânime pela manutenção do Estado de Greve com promoção de plenárias online e presenciais nos centros e faculdades e de uma campanha midiática para expor os problemas enfrentados na universidade. Por maioria, docentes também puseram fim ao indicativo de greve aprovado na última assembleia, no dia 5 de maio.
Nilson Cardoso, presidente da Sinduece SSind., ressaltou que a manutenção do Estado de Greve é essencial para manter a mobilização e pressionar o governo do estado a apresentar plano e cronograma de compensação das perdas salariais. Segundo estudo da Fundação Sintaf de Ensino, Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, Científico e Cultural (Fundação Sintaf), até dezembro de 2022 a defasagem chegava a 37,03%. “É fundamental continuar o estado de mobilização com plenárias online e sobretudo presenciais em todos os campi da Uece. Isso sem sombra de dúvidas foi o diferencial para construirmos o engajamento no ato do dia 12 [de abril], no Palácio da Abolição, que trouxe para Fortaleza gente de todos os campi”, avaliou.
A Diretoria recuperou os acontecimentos no processo de negociação que culminou na concordância do Fórum Unificado das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos do Ceará (Fuaspec) com a proposta do governo. Pelo texto publicado no Diário Oficial no dia 10 de maio, servidoras e servidores públicos receberão um reajuste de 5,8% pagos em duas parcelas, sendo a primeira de 3% em junho (com retroativos pagos em dezembro) e 2% em agosto. Além disso, será aplicado o mesmo índice para majoração do auxílio-alimentação, manutenção da data-base em 1º de janeiro e reconhecimento das perdas inflacionárias.
Na reunião da bancada de servidoras e servidores com a liderança do governo na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), que ocorreu no dia 8 deste mês, a Sinduece SSind., junto aos sindicatos dos docentes das universidades Estadual Vale do Acaraú (Sindiuva SSind.) e Regional do Cariri (Sindurca SSind.), se absteve de aderir à proposta de reajuste por ter deliberado em assembleia um patamar mínimo de negociação de 10%.
Para Zuleide Queiroz, 2º vice-presidenta do ANDES-SN e integrante da base da Sindurca SSind., a mobilização das três seções sindicais das universidades estaduais do Ceará foi fundamental para que o governo passasse a dialogar com as servidoras e os servidores por meio de seus representantes no Legislativo. “Independentemente do Fuaspec, nossas universidades estão com problemas seríssimos. Qualquer que seja o calendário de mobilização precisamos pensar nos estudantes sem aula, nos professores substitutos e temporários com salário precarizado e nas condições de trabalho dos servidores técnico-administrativos”, pautou.
Fonte: Sinduece SSind., com edição e acréscimo de informações do ANDES-SN