A prova teórica do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2024 para os cursos de licenciatura será realizada no dia 24 de novembro. Mais de 300 mil estudantes habilitadas e habilitados em cursos de 17 áreas são esperados para a realização do exame.
Nesta edição, o Enade avaliará somente os cursos de licenciatura de áreas como artes visuais, ciências biológicas, ciências sociais, computação, educação física, filosofia, física, geografia, história, letras (inglês), letras (português), letras (português e espanhol), letras (português e inglês), matemática, música, pedagogia e química.
A prova será aplicada nas cidades onde os cursos são oferecidos, e os locais de realização já foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Conforme a Portaria 610/2024, além da avaliação teórica, o Enade das Licenciaturas incluirá também uma avaliação prática, que ocorrerá em 2025.
“De maneira açodada foi elaborado o Enade das Licenciaturas e já se encontra em fase de implementação, sem discussão, transformando o estágio em espaço de avaliação do Enade, numa perspectiva pragmatista e utilitária da chamada ‘pratica’ da docência”, criticou o ANDES-SN, por meio de nota publicada.
Historicamente, o ANDES-SN tem um posicionamento contrário ao exame e tem criticado a forma de avaliação em larga escala, aplicada aos cursos de licenciatura, argumentando que ela serve como uma pressão do governo federal para implementar as contrarreformas que comprometem a autonomia educacional.
O Sindicato Nacional destaca que, em vez de diagnosticar e superar os problemas da educação, o Enade ranqueia as universidades, premiando as que têm melhor nota e penalizando as que não apresentam um bom desempenho. A obrigatoriedade de presença nas provas, que impede a concessão do diploma para as e os ausentes, também é alvo de críticas.
Segundo o ANDES-SN, a base que orienta o Enade e outras portarias está relacionada à implementação da Resolução CNE/CP nº 4 de 2024, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica. Essas diretrizes, por sua vez, têm como base a Resolução CNE/CP nº 2 de 2019, a qual foi amplamente criticada pelos setores da educação por seu processo considerado antidemocrático.
“A atual resolução está pautada pela matriz das competências e habilidades para formação de professores/as, pragmatista, utilitária, sem articulação entre formação inicial, formação continuada e trabalho docente, esvaziada de uma visão crítica da educação e da sociedade”, diz um trecho da nota.
Para o ANDES-SN, a Resolução de 2024 “impõe um modelo de formação baseado na BNCC [Base Nacional Comum Curricular] que tenta padronizar e estreitar os conhecimentos produzidos e acumulados historicamente pela humanidade”.
“O conjunto de contrarreformas no qual se insere a Resolução CNE/CP N° 04/2014 se articula com o projeto de privatização da educação, de sua mercadorização, com a franca apropriação do fundo público, trazendo prejuízos irrecuperáveis ao processo educativo que contemple a classe trabalhadora. Não podemos nos conformar com arremedos, bricolagens, numa perspectiva do ‘menos pior’. Nossa luta continua firme pela revogação das contrarreformas da educação e pela defesa intransigente dos direitos conquistados”, conclui a nota do ANDES-SN.
Acesse aqui a nota na íntegra
*Foto: Universidade Federal do Tocantins/Divulgação
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ANDES-SN critica o Enade das licenciaturas a partir de 2024